Quando você não está aqui | Namorada Criativa - Por Chaiene Morais
Cartas

Quando você não está aqui

É sábado à noite e você não está aqui. O dia foi chato e a noite não promete ser melhor. Tento arrumar os travesseiros na minha cama para preencher parcialmente o vazio que você deixa, mas nem um travesseiro de penas de cisnes é capaz de ser tão confortável quanto estar no seu abraço, no seu peito.

Objetos podem até quase preencher os espaços físicos, mas minha alma e meu coração não são bobos e acusam o tempo todo, os detalhes que estão faltando quando você não vem. E eles sofrem e clamam sua presença, seu amor, você. A pior dor para alguém que ama é a indiferença do amado, mas para um amor correspondido, a pior dor é a da falta.

Porque quando você falta, falta cor, falta luz, falta calor. Quando você não vem o dia é feio, a tarde é sem graça e a noite fosca. Se você não está aqui, eu sou vazia, porque a metade de mim que ainda me habita, foge para se juntar a você e só sobra uma casca sem vida com inveja da essência que pode se teletransportar pra onde quer que você esteja.

E a sua falta me dói, dói como cortar a dobrinha do dedo com papel, dói como chutar o pé da cama, dói como pisar em um espinho e não conseguir tirá-lo, dores que parecem não conseguimos esquecer, dores que parece que nunca passarão.

Sem você aqui, nada que eu como é bom, porque sinto falta do seu gosto, nenhum cheiro é bom, porque queria sentir o seu cheiro de roupa limpa, nada que eu vejo é bom, porque só queria ver seu rosto pertinho do meu sorrindo pra mim, nada do que eu ouço é bom, porque meu desejo é sua voz juntinho do meu ouvido me dizendo “minha linda, eu te amo”.

Os meus sentindo desregulam e entram em greve alegando insalubridade e exigindo melhorias no ambiente de trabalho, se recusam a trabalhar até que você volte. Com você longe, eu vivo revivendo memórias, me alimentando de histórias e remoendo a falta.

Vejo nossas fotos e volto pro dia que está revelado no papel e como um filme, repasso o momento na minha cabeça. Sinto o cheiro do mar e o gosto salgado da sua boca depois de entrarmos na água, lembro da urgência do amor que sentimos naquele dia e das preces para que aqueles dias não acabassem nunca, ouço nossas risadas juntas enquanto brincávamos na beira da piscina ao voltarmos pra casa e revejo sua cara de bravo quando eu ganhei o jogo.

Repasso passo a passo de cada momento que cada foto me faz lembrar e, apesar da efemeridade da felicidade que elas me proporcionam, isso me faz bem. Me faz lembrar que sempre aproveitamos nossos momentos juntos da melhor forma possível. E a falta? Estará comigo, sendo chata e dolorida até o dia em que você, meu moço do olhar mais lindo do mundo, tocar a campainha.

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  • Ana Julia 26 de agosto de 2014

    Teexto liindo ! *—*
    Parabénss !

  • Laura 04 de novembro de 2014

    Nossa…. Muito profundo, e o mais estranho é que é isso mesmo que estou sentindo agora. Sei que vou vê – lo novamente no fim de semana mas, parece a semana não passa, cada dia mais sem ele parece tortura…