Saudade | Namorada Criativa - Por Chaiene Morais
Cartas

Saudade

Saudade é um sentimento tão subjetivo quanto o amor. Acho que na mesma proporção que existem poemas de amor, existem os de saudade, porque não há saudade sem amor. Duas palavras com sensações tão diferentes e existências tão próximas.

Todo mundo sente saudade e não precisa ter lógica. Você pode ter passado o dia todo com seu amado e quando ele vai embora ao final da tarde, você sente saudades.

E saudade dói. E dói tanto que às vezes queria poder trocar por uma dor física, uma perna quebrada está ali, na sua frente, você a vê, você a sente, você a toca e pode mudar pra uma posição mais confortável que doa menos ou tomar um remédio pra aliviar, mas o que fazer com a dor da saudade?

Saudade incomoda. Ela é aquele gosto rançoso impregnado na sua boca, aquele cheiro azedo que embrulha o estômago, aquele toque áspero que dá agonia, ela não te deixa dormir a noite porque nenhuma posição parece te confortar, ela te deixa comer porque não é de comida que você tem fome, ela não te deixa respirar porque parece que colocaram uma bigorna em cima do seu peito.

Saudade alucina. Você fecha os olhos por segundos e sente o toque do cheiro, o gosto da pele e o aroma da voz e todos os seus nervos se acendem pela presença da pessoa amada, mas quando você abre os olhos descobre que foi uma miragem como das pessoas que sentem saudade da água no deserto.

A saudade perturba. Você quer gritar, mas a voz não sai, você quer chorar, mas a lágrima não cai, você quer correr, mas não consegue se mexer.

A saudade sufoca. Você segura a respiração como quando tira um curativo e esquece de como soltar, o ar não vem, o ar não vai e mesmo assim nada acontece, não morre, não desmaia e, o pior de tudo, não acorda.

E quando parece que é o fim da linha, a saudade te levará à loucura, ele vem outra vez. Alma leve, sorriso frouxo, abraço apertado e preenche todos os vazios da minha alma.

Eu me afogo no cheiro de roupa limpa, na voz grave e forte, na pele macia e quente e no gosto que a boca dele tem como quem saboreia um chocolate que desejava depois de muito tempo. E aí descubro que a vingança compensa quando é contra a saudade, que o prazer de mata-la faz com que o sofrimento valha a pena, mas mesmo que valha, anseio o dia em que a saudade durará apenas alguma horas, só até voltarmos pra nossa casa.

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